Falta de verba e de profissionais afeta esporte paraolímpico em MG

 

 

 

 

A falta de recursos para equipar e manter no esporte os atletas paraolímpicos do Estado foi apontada como uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas associações que desenvolvem atividades esportivas para pessoas com deficiência. A discussão sobre as políticas públicas para o setor foi realizada ontem, em reunião conjunta das Comis­sões de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e de Esporte, Lazer e Juventu­de, requerida pelo deputado Marques Abreu (PTB), presi­dente da segunda comissão.

“As entidades têm muita dificuldade para conseguir di­nheiro para financiar seus pro­jetos”, queixou-se o triatleta e presidente da Associação dos Deficientes de Contagem, José Matias Gonçalves. Esse problema não é encontrado só perante os órgãos públicos estaduais, mas também peran­te os municipais e federais. Marques Abreu citou também a falta de professores capaci­tados para lidar com as espe­cificidades desse público.

O subsecretário de Es­tado de Esportes e da Juven­tude, Alexandre Massura Ne­to, informou que o Governo de Minas criou, na secretaria, em 2006, uma superinten­dência dedicada ao esporte paraolímpico. Esse trabalho inclui a preparação específi­ca de árbitros e treinadores, além do apoio a associações e a atletas portadores de de­ficiência. Massura disse que, em 2011, 40 atletas parao­límpicos foram selecionados para receber a bolsa-atleta, que, criada em junho deste ano, contempla, ao todo, 129 pessoas no Estado.

Questionado pelos de­putados Elismar Prado (PT) e Sargento Rodrigues (PDT), Massura reconheceu que o orçamento para o esporte em Minas é inferior ao ne­cessário. Sem especificar va­lores, ele mencionou que o total destinado à pasta não chega a 0,4% do Orçamento do Estado, percentual menor que o recebido pela Secreta­ria de Cultura.

Apesar das dificuldades financeiras, diversas iniciati­vas têm sido desenvolvidas em Minas, garantiu o sub­secretário. Entre elas, foram destacadas: o centro de na­tação paraolímpica, no Clube dos Oficiais, em Belo Hori­zonte; a existência de quatro modalidades para pessoas com deficiência nos Jogos do Interior Mineiro (Jimi); e o financiamento da participa­ção de 140 atletas em uma competição esportiva de ní­vel nacional em 2011.

Professora defende capacitação

A importância do incen­tivo ao esporte pelas pessoas com deficiência foi destacada pela professora assistente da PUC Minas Cláudia Barsand Deleucas. Segundo ela, esse estímulo deve passar pela ca­pacitação dos professores de educação física, que, desde 1996, contam com uma disci­plina universitária específica para lidar com o público de­ficiente. Segundo ela, inicial­mente é preciso incentivar o esporte como diversão, para só depois transformá-lo em competição.

Para a presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Por­tadora de Deficiência, Maria Cristina Abreu, a participa­ção popular na construção de uma política pública para o setor é fundamental. Segun­do ela, não é a lei que pro­tege a pessoa com deficiên­cia, e sim a conscientização da sociedade. Essa política, afirmou Maria Cristina, preci­sa envolver não apenas o as­pecto da acessibilidade, mas também o acesso à cultura, ao esporte e à educação.

José Matias Gonçalves de Abreu, da Associação dos Deficientes de Contagem, acrescentou que o esporte, além de suas características de diversão e competitivida­de, é um fator de socializa­ção e de aumento da autoes­tima das pessoas portadoras de deficiência.

A deputada Liza Prado (PSB) concordou e acrescen­tou que é preciso dar mais visibilidade à realidade das pessoas portadoras de de­ficiência e acabar com o preconceito. Já o deputado Doutor Wilson Batista (PSL) ponderou que, como as de­ficiências são variadas, fica mais difícil elaborar uma po­lítica pública que contemple todas as necessidades. Ele disse que a discussão reali­zada na comissão será leva­da aos órgãos competentes do Poder Executivo.

Em outra reunião, a co­missão aprovou vários reque­rimentos com solicitação de audiências públicas.

Presenças – Deputados Dou­tor Wilson Batista (PSL), pre­sidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência; Marques Abreu (PTB), presidente da Comissão de Esporte, Lazer e Juventu­de; Sargento Rodrigues (PDT), Elismar Prado (PT), Adelmo Carneiro Leão (PT) e deputada Liza Prado (PSB). Participou também o vereador de Uber­lândia Neivaldo Lima.

 

18 de agosto de 2011 - quinta-feira – Assembleia Informa